iPhone, Steve Jobs e outros devaneios

27/09/08 at 13:46 (pessoal) (, , , , , )

Eu estava discutindo com uns amigos sobre o início da venda do iPhone no Brasil e me dei conta de como a Apple, ou seu criador, Jobs, tem uma força preternatural de vender seus produtos, e de convencer de que eles são únicos, incomparáveis, inovadores, supercalifragilista e expialidouciamente essenciais para uma vida boa e feliz. Cada um destas inestimáveis obras de arte da tecnologia moderna é o Pan Galactic Gargle Blaster que faz com que as agruras do dia-a-dia desçam como se fosse a mais suave das ambrosias. Aliás esse é um fato tão recorrente, que já criaram até uma expressão para isso, é o “Campo de Distorção de Realidade de Steve Jobs”, Reality Distortion Field, ou RDF em inglês.

Aqui estão os fatos: existem duas operadoras no momento que vendem o aparelho, a Claro e a Vivo. A primeira vende o aparelho na faixa de 2 a 2,8 mil reais. A questão é: quando que alguém pensou que seria razoável vender um celular por quase 3 mil reais? É possível comprar um computador inteiro com esse dinheiro.

Mas será que o iphone é algo tão brilhante e que compensa tamanho sacrífício? Antes dele, ninguém falava algo do tipo “Eu tive que comprar lá fora, e destravar, e ficar procurando por novas falhas de segurança para continuar usando, mas eu adoro meu Palm” ou algo do gênero. Realmente o aparelho é uma inovação em alguns sentidos, eu mesmo tenho um iPod touch, pq queria brincar com ele. Mas eu não estou disposto a gastar fortunas, como já gastei no passado, por algo que me impõe mais restrições do que qualquer outro aparelho. Por isso que não pretendo comprar um celular da Apple tão cedo.
Pense por outro lado, se fosse a MS que tivesse lançado o aprelho com as mesmas restrições que ele tem hoje, já teríamos uma horda de pessoas afogando-nos em críticas e ofensas às praticas da microsoft.

Talvez isso aconteça porque a Apple percebeu que o mais importante em um computador, portátil ou não, é a pessoa que o usa. Então ela ativamente tem feito todo esforço para que usar um computador seja uma coisa divertida, como acontece no cinema, em que tudo é 3D, e os programas fazem barulhinhos engraçados e piscam e pulam por aí. A MS tá sempre por aí dizendo que vai fazer o melhor computador que você já viu, e que vai fazer muito mais do que você sempre quis, mas será que eles alguma vez pararam para perguntar o que a gente queria? o Mac vem direto da fábrica com várias amenidades para facilitar o uso: vem com programas para organizar sua música, suas fotos, editar aquele vídeo de aniversário da sua avó, com um dicionário, agenda de contatos, calendário e muitas outras frivolidades, que acabam se tornando úteis no fim do dia. O que vem com o windows? Você tem o notepad, o paint, e o wordpad que vêm desde as primeiras versões. Somente no Vista foi adicionado um calendário e um organizador de fotos. Ah, nem adianta falar no Movie Maker, o próprio Bill Gates não conseguiu instalar a coisa mesmo depois de muito esforço, e ele é o dono da empresa.

Esse é um ponto em que o Linux poderia ter deixado a concorrência comendo poeira. Eles tem o código completamente aberto, e milhares de distribuições diferentes do sistema. Por que não tentar as idéias mais estapafúrdias e ver no que dá? Vamos fazer um sistema operacional com gestos usando um mouse 3d, ou um reconhecimento de voz que funciona de verdade, ou com movimentos do nariz e da orelha, qualquer coisa, não tem nenhuma grande empresa dizendo “Você não pode fazer isso e aquilo!”, o único limite é a sua imaginação. Eu acho interessante que apenas o Ubuntu usa o lema “Linux for Humans”, se não para humanos, para quem vai ser? Para os Vogons ou para os Borgs? Eu admito que só conheço um punhado de distribuições, e com certeza são as que recebem mais atenção da mídia, mas ela atraem atenção por algum motivo, não é?

Com certeza a Apple realmente teve um breakthrough na interface para o celular. E no desktop também, tanto que muitos outros copiam o estilo até hoje. Eu acho triste que ela use essa inovação como alavanca para que as pessoas aceitem as práticas da empresa.

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